Ética no agir profissional foi destaque da live do CFB para o Dia do Bibliotecário

Transmissão realizada no sábado, 12 de março, contou com a participação das professoras e bibliotecárias Henriette Gomes e Keyla de Faria

O avanço das novas tecnologias de comunicação ampliou as possibilidades de atuação e interação dos bibliotecários com o mundo. Por outro lado, também aumentou a responsabilidade desses profissionais com a opinião e o conteúdo, independentemente do meio em que ele se encontre. Para debater essas questões e celebrar o Dia do Bibliotecário, o Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB) realizou nesse sábado, 12 de março, a live “A ética na sociedade, na área da informação e na atuação profissional”.

Mediada pela coordenadora da Comissão de Ética Profissional (CEP) do CFB, Valéria Valls, a transmissão foi aberta pelo presidente do CFB para a 19ª Gestão, Fábio Lima Cordeiro (CRB-1/1763). Em seu discurso, ele parabenizou as bibliotecárias e bibliotecários pela data e destacou que a atuação desse profissional garante não só a cidadania, como preserva a memória, facilita o acesso à informação e assegura a promoção da leitura em diferentes equipamentos. Por isso, o presidente defendeu o chamamento do bibliotecário para a discussão política da profissão.

Em outro momento, Fábio ressaltou que, assim como os direitos e deveres dos bibliotecários mudaram junto com a sociedade, o respeito ao próximo se faz cada vez mais necessário. “A Biblioteconomia é uma das poucas profissões regulamentadas do país e que possui um Código de Ética e Deontologia atual, fruto de um trabalho conjunto e com ampla participação popular em sua construção. Precisamos, agora, que ele seja conhecido e internalizado.”

Ética no agir bibliotecário

Na sequência, a professora titular do Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Henriette Ferreira Gomes, ministrou a palestra magna “Ética, humanização do mundo e o agir bibliotecário na sociedade contemporânea”. Em sua fala, ela destacou que, atualmente, não somos regidos apenas pelo excesso de informação, mas sim pelo excesso de desinformação e notícias falsas.

A docente relembrou o pensador italiano Umberto Eco para delimitar quais seriam os limites nas relações humanas. “Do ponto de vista ético, o intolerável é o que agride e impede o direito à diferença”, explica. Na sequência, Henriette ressaltou a necessidade de uma atuação conjunta em favor da ética e da responsabilidade social. “O brilho de uma constelação vale mais que o de uma estrela. Por isso, precisamos da articulação de bibliotecários e instituições representativas, como o CFB e CRBs, cada um com sua responsabilidade.”

Para endossar o que seriam os princípios éticos para o bibliotecário, a professora enumerou os oito valores da fraternidade defendidos pelo teólogo Leonardo Boff: (1) responsabilidade coletiva; (2) justa medida entre intervenção e satisfação; (3) mundo interligado; (4) cuidado com o outro e com a natureza; (5) capacidade de convivência; (6) fraternidade sem fronteiras; (7) cuidado com os bens comuns à vida; (8) o direito de conviver à mesa, a comensalidade.

Letramento informacional

Na segunda palestra da tarde, a professora, bibliotecária e coordenadora da Biblioteca Estadual Pio Vargas e da Gibiteca Jorge Braga, em Goiás, Keyla de Faria, apresentou o tema “Ética e boas práticas de letramento informacional”. Em sua exposição, ela refletiu sobre o debate da deontologia nos cursos de Biblioteconomia. “Se na faculdade não falo do Código de Ética para os futuros bibliotecários, como eles saberão que há uma deontologia para a profissão?”, questiona.

A professora destacou que o bibliotecário é o profissional-meio entre o conhecimento confiável, registrado na forma de obras e documentos, e aquele que será produzido pelos indivíduos por meio da compreensão dessas informações. “Como o conhecimento não está apenas nos livros, precisamos ser mediadores da informação não apenas analógica, mas também digital. Por isso, é fundamental que possamos ter uma formação midiática.”

Programação do Mês do Bibliotecário

A live “A ética na sociedade, na área da informação e na atuação profissional”, realizada pelo CFB, integra a programação especial de eventos do Mês da Bibliotecária e do Bibliotecário. A iniciativa, desenvolvida pelos conselhos regionais – sob a liderança do Conselho Regional de Biblioteconomia da 1ª Região (CRB-1) – e por entidades parceiras, está disponível no hotsite bce.unb.br/mesbiblio2022/.

Ao todo, são quase 50 eventos em homenagem à data, que tem como eixo principal o debate de políticas públicas relacionadas à área da informação no Brasil. A proposta é mostrar como as crises econômica e sanitária têm causado impactos sensíveis na pluralidade de instituições de acesso à informação e à cultura – especialmente em bibliotecas, museus, arquivos e centros de documentação –, além de encontrar soluções para superá-las.

Além disso, em homenagem aos bibliotecários, as redes sociais do CFB também reúnem, neste mês, alguns depoimentos de personalidades da cultura brasileira, como o músico Tony Bellotto e o ator e diretor Paulo Betti. Até o fim de março, outros vídeos serão postados nos canais oficiais do Conselho. Acompanhe nossas redes sociais e assista.

Confira a live na íntegra